Uma noite no teatro e 35 anos no mercado

Foi durante a peça Equus, nos anos 1970, que surgiu a ideia da marca homônima que completou três décadas e meia, em março

Foi em uma noite no teatro que tudo começou. O espetáculo, famosíssimo nos anos 1970, chamou a atenção do jovem Aldevan Monteiro. Estrelada no Brasil por Paulo Autran e Ewerton de Castro, a peça Equus inspirou a mudança na vida de Aldevan, que logo registrou o nome que batizaria uma das maiores e mais antigas marcas de jeans do Brasil.

O jovem que, até então, trabalhava em uma confecção no Brás, em São Paulo, decidiu tentar a vida por conta própria. Vendeu a pequena casa em que morava em Santo Amaro e com o dinheiro abriu a primeira loja da Equus, em 31 de março de 1976. No início, funcionava como multimarcas, mas após apenas seis meses Adelvan resolveu produzir: “comprava rolos de algodão puro no Ceará e tingia mergulhando em baldes de tinta Guarani com meu irmão”, relembra divertido o empresário, na semana em que promoveu a festa dos 35 anos da marca.



O jeans entrou para as coleções uma década depois da fundação da empresa, entre 1986/1987, e o predomínio era de modelos em sarja. “O índigo era mais masculino, as mulheres não gostavam muito. Foi no começo dos anos 90, quando foram produzidas as primeiras peças com strech, que o jeans realmente começou a agradar as mulheres, já que eram mais confortáveis e vestiam melhor”, explica o fundador da Equus.

Novos sócios
Em 1997, Edson de Annunzio tornou-se sócio da empresa. Na época, ele fazia private label para diversas marcas, então, conhecia muitos lojistas, pessoas da área e via potencial da Equus. O acordo prosperou pela união de necessidades e perfis. Edson ficou mais próximo da área comercial, cuidando do marketing e investindo na expansão da marca por meio de franquias.

Ele lembra que na época era comum a matriz impor o mix de produtos para as franquias. “As matrizes mandavam biquíni para o sul e lã para o nordeste e o franqueado era obrigado a aceitar. Eu trouxe para a marca um novo sistema de franchising chamado de sociedade participativa, em que somos sócios de todas as nossas filiais, assegurando a formatação das lojas e formando bons lojistas”, assegura o diretor. Hoje a Equus conta com 75 franquias.

Há sete anos, a marca passou por uma repaginação completa: foi segmentada para o público feminino (antes vendia masculino também). A nova orientação implicou na criação de ambientes próprios para mulheres nas lojas e até a logomarca mudou. Os departamentos comercial e de marketing foram estruturados e o produto também evoluiu, avalia Priscilla Tesser, atual diretora de marketing da marca.

Só para mulheres

Antes a grife trabalhava apenas com malha e jeans. Hoje, embora o forte continue sendo o denim, que corresponde a 40% da produção, a oferta de produtos é variada, com modelos feitos em outros tecidos planos, alfaiataria, camisaria, acessórios, biquínis, lingerie e até perfumaria, tendo Ana Hickmann como o rosto da marca. Só na fábrica da Equus, localizada na cidade de São Paulo na região do Brás, mais de 120 funcionários batem o ponto todos os dias.

Quando questionado a respeito de como a marca se manteve estável durante esses 35 anos, Adelvan não hesita em responder que nunca fez extravagâncias com seu dinheiro. “Nunca tive iate, nem gastei milhões com imóveis e viagens, sempre me preocupei em manter a empresa sólida”, reflete, já preparando a sucessão. Sua filha Maria Carolina atua como diretora administrativa da Equus.

fotos: GBLjeans