Marca rejuvenescida

Depois de dois anos de mudanças, a Pitt Jeans assume novo modelo de negócios

Uma pesquisa com 200 lojistas e grupos de consumidores de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul levou a Pitt Jeans a reformular a estratégia – da imagem da marca ao preço das peças. A ponta mais visível da mudança é o catálogo da coleção de verão, lançado no mês passado. No lugar de fotos em preto e branco, modelos flertando com a androgenia e semblante sério, a campanha decidiu associar o conceito de leveza à marca – em termos práticos, destacando o conforto das roupas, e em valor filosófico, a opção por encarar a vida de maneira positiva e alegre.

 

O levantamento mostrou que os consumidores valorizam campanhas que destacam os atributos do produto e já não se animam mais com campanhas publicitárias que seguem a fórmula de editoriais de moda, explica Eduardo Simon, gerente de marketing e desenvolvimento de produto da Simon Braun, dona da marca gaúcha Pitt. No caso deles, a decisão foi vincular o slogan ‘Fique leve’ com a marca, numa campanha sem caras conhecidas – anteriormente, por dois semestres consecutivos, a Pitt contratou Yasmin Brunet para estrelar as campanhas. “É uma forma de passar uma mensagem que nos diferencie das outras marcas”, avalia o executivo.

 

Outra medida foi reduzir o preço das peças que, na coleção atual, chegam ao mercado de 15 a 20% mais baratas, diz Simon, sem revelar qual o custo médio para o atacado. Atualmente, a carteira de clientes da empresa reúne 3 mil lojas multimarcas, atendidas por uma equipe de 25 representantes em todo o Brasil.

Simon, da Pitt: nova campanha

 

Modelo alterado

 

A empresa, que hoje produz 900 mil peças por ano, chegou a produzir 1,6 milhão de unidades no início dos anos 2000. O novo modelo de negócios começou a ser implantado há dois anos e refletiu um movimento do próprio mercado. Nessa época, grandes clientes da Pitt instalados no Brás e no Bom Retiro criaram suas próprias marcas e se tornaram concorrentes, lembra Simon, que chegou à empresa no final do ano passado como parte da geração que está sendo gradativamente preparada para a sucessão dos três fundadores da Pitt que, em janeiro, completa 40 anos.

 

A marca rejuvenesceu, incorporando também as linhas teen e de camisetas. A coleção atual tem 400 modelos ao todo. Na linha feminina, 50% dos modelos estão na categoria chamada fashion. Esse percentual no lado masculino é de 30%. Neste ano, as ações de divulgação incluíram acordos com a TV Globo para vestir atores do seriado Malhação e de novelas, como Páginas da Vida, Cobras e Lagartos, aproximando a marca ainda mais do público jovem, observa Simon.

 

Na parte de gestão, a empresa que fazia tudo internamente, decidiu terceirizar as áreas de costura e lavanderia como forma de enxugar a estrutura de custos. “E alteramos a política de negociação com os fornecedores”, conta o gerente. Com 90 funcionários, a Simon Braun mantém duas lojas próprias, uma em Santa Cruz (RS), cidade onde a empresa está instalada, e outra em Cachoeira da Cruz (município próximo).

 

A exportação representa 8% do volume produzido este ano. Para países da América do Sul, são embarcadas peças com a própria marca. E para a Itália, a venda é realizada em regime de PL (private label) para 12 marcas.

 

Para aperfeiçoar o relacionamento com os lojistas, a empresa recorre à tradicional campanha de incentivos Vitrine Premiada que, nesta edição, dará como prêmio um televisor com tela de 42 polegadas e tecnologia de plasma. O relacionamento com o consumidor final se vale do website para estimular o cadastramento com sorteio de três calças por mês.

Fotos: acervo da empresa