Já ouviu falar em laundry designer?

O mundo da moda em jeans vem abrindo espaço para novas profissões para as quais não tem curso que ensine. Ainda.

 

A indústria do jeans tem necessidades tão específicas que já criou profissões que só existem nesse mercado. O trabalho do laundry designer ou do wash designer só tem sentido na cadeia do jeans. Formado dentro das lavanderias, esse é o profissional que faz a interface entre a criação do estilista e o processo de beneficiamento das peças realizado pelas lavanderias industriais.

 

Ele sabe o que funciona, o que é possível, investe em experimentações e testa possibilidades. “Mas, hoje, o aprendizado do designer de lavanderia é prático. E falta gente especializada para o mercado”, avalia Iorrana Aguiar, coordenadora de marketing de moda da Santana Têxtil. Ela própria exerce um novo papel, o de cool hunter. “O caçador do espírito do tempo”, sintetiza Iorrana.

 

Os interessados nessa profissão têm que recorrer ao estágio em lavanderias, porque não há cursos direcionados ao tema. O Senai, de São Paulo, tem um curso de lavanderia, acabamento e tingimento de peças, que inclui o beneficiamento de jeans, na unidade do bairro do Brás. Faz parte dos planos de duas faculdades de moda – Anhembi Morumbi e FMU – incluir a disciplina de beneficiamento do jeans na grade curricular. Mas, por enquanto, são iniciativas embrionárias. Em comum, a necessidade de criar espaço para o exercício prático dos alunos, com a instalação de unidade-piloto de beneficiamento.

 

Alheio à discussão acadêmica, o laundry designer José Carlos Trentin se diverte com o título. Há seis anos ele cuida da parte de desenvolvimento de produto e lavanderia, além de acompanhar a produção e controle de qualidade dentro da lavanderia, como funcionário da Ellus. Antes disso, trabalhou por sete anos fazendo trabalho semelhante para a Zoomp. “Fui aprendendo no dia-a-dia, me formei na lavanderia”, brinca.

 

A trajetória de Marcos Feres, consultor da Wash Design, tem origem na indústria têxtil, onde fez carreira. Artista plástico por formação, começou como assistente de desenhista na área de estamparia da fábrica de tecidos Bangu, trabalhou quase 20 anos na Renascença, atuou como consultor e depois foi para a Cedro, de onde saiu em abril.

 

Nessa última empresa se especializou no desenvolvimento de lavagens e estreitou o contato com o mundo dos beneficiadores. Hoje, além de lavagens para denim e sarja, ele desenvolve beneficiamento em malhas para confecções e para lavanderias.