Como ficam os negócios com a Copa do Mundo

Evento afeta pouco a distribuição, mas muitas marcas esperam queda de faturamento no período devido ao fechamento das lojas nos dias de jogo do Brasil.

A Copa do Mundo vai alterar a rotina das empresas brasileiras do setor que começam a definir estratégias para operar no período. A abertura das lojas será repensada e o lançamento das coleções de verão foi antecipado para não afetar as vendas. Marcas lançaram coleções especiais comemorativas, mas entre os empresários há dúvidas sobre possível queda no faturamento, principalmente nas cidades que recebem os jogos do Brasil. Avaliam que os consumidores vão adiar as compras e o comércio deverá fechar as portas mais cedo.

Júnior Lorensini, diretor do grupo Loors, que tem lojas de pronta entrega de moda feminina no Paraná e em Santa Catarina, afirma que o esquema de distribuição do grupo será mantido. “Nossa única preocupação é em relação aos fornecedores, a maioria de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, diz. Ele acredita que deva haver interrupção no trabalho apenas nos horários dos jogos do Brasil, tanto na indústria, como nos shoppings atacadistas. Em cidades como Maringá, no Paraná, por exemplo, os shoppings já decidiram que vão fechar uma hora antes do jogo.

“Estamos aumentando os estoques, mesmo sem prever a Copa porque as vendas cresceram. Mesmo lançando novidades semanais, o estoque das nossas lojas de atacado estão baixando rapidamente”, diz Lorensini. Assim como muitas marcas, o grupo lançou uma coleção para a Copa, na qual o jeans tem lugar privilegiado. “Os brasileiros estão animados, torcendo, o que pode representar estímulo de vendas”, espera.

A fábrica de moda feminina Emphasis, do interior de São Paulo, manterá o ritmo de produção. “Vamos liberar o pessoal mais cedo para assistir os jogos em casa, mas isso não afetará nosso planejamento”, afirma o sócio-proprietário, Valdir Ghiselini. A empresa produz para grandes redes varejistas C&A, Zara e Restoque e não estabeleceu esquema especial de distribuição para entregas no período da Copa.

A Código Girls, de São Paulo, que oferece moda feminina casual e que conta com 51 pontos de venda entre lojas próprias e franqueadas, se beneficia da reposição semanal de estoques. “Trabalhamos no ritmo ‘just in time’, que será mantido. Talvez haja algum atraso no período, contudo, isso não deverá afetar as vendas”, estima o diretor da empresa, Leyre Pinto.

O diretor da Grow Up, marca de moda infantil do Paraná, Eduardo Guelfi, tem outra opinião. Para ele, a Copa vai trazer retração de vendas. “Como os lojistas não venderam ainda a coleção de inverno, as encomendas para o verão estão mais lentas, os pedidos não foram antecipados levando em conta a Copa”, pondera Guelfi.

Outra marca que espera crescimento conservador neste ano é a Anne, que tem 13 lojas de moda feminina no nordeste. “O comércio estará fechado por mais de 20 dias em um mês; serão menos dias de faturamento”, observa a diretora da empresa, Jussara Castro. Fortaleza, Recife, Salvador e Natal, cidades onde a marca tem lojas, vão sediar jogos da Copa.

O calendário de lançamentos também foi alterado devido à Copa. A grife de moda infantil, Gabriela Aquarela, remanejou a coleção de verão de junho para maio. “Aceleramos nossas vendas em maio, inclusive entregas, para não haver interrupções em junho”, afirma Rivânia Aquino, diretora de estilo. Mesmo assim, a empresa prevê queda no faturamento por causa do fechamento das lojas por conta dos jogos disputados pela seleção brasileira.

Para atrair clientes, a Hemb, multimarcas de moda masculina de Porto Alegre, vai ter telão e oferecer pipoca e cerveja aos clientes. “Faremos ações para manter a loja movimentada”, afirma o proprietário, Felipe Hemb. Uma das vantagens da Copa, segundo o executivo, é que muitos consumidores de Porto Alegre que viajariam entre junho e julho vão permanecer na capital para ver os jogos. “Isso pode facilitar as vendas”, completa.