Comask investe em automação

As inovações são parte de um plano estratégico para enfrentar o novo cenário

 

Diante das alterações do mercado brasileiro, a Comask, uma das primeiras empresas a prestar serviços de private label (PL) no Brasil há 30 anos, promoveu uma série de ajustes a partir do ano passado. As medidas incluem a aliança com a Presitex, na unidade da Nicarágua da empresa taiwanesa, e investimentos em tecnologia. Para o próximo ano, está planejada a compra de 28 CLPs (dispositivos de comando lógico programável), que substituirão os equipamentos em uso na lavanderia.

E, com isso, a Comask completa um novo ciclo de automação. Hoje, as máquinas de produção já são controladas por um computador central onde ficam armazenadas as fórmulas para cada lavagem. Cada setor de beneficiamento também controla as atividades com leitores ópticos. “As peças são colocadas em lotes que passam pelo leitor. Dessa forma, consigo saber quantas peças têm por máquina, quanto tempo levou para lavar, e assim por diante”, explica Fábio Américo Leme dos Santos, diretor da empresa.

Nos outros setores, o procedimento é semelhante. De modo que é possível determinar quantas peças cada operário lixou, comparar com a demanda de lixados e calcular a necessidade de hora extra ou não.

Os novos modelos de CLP serão instalados em dez máquinas de produção e 18 máquinas da área de pilotagem. Santos conta que também o sistema de CAD/CAM antigo será trocado. A migração por um sistema mais moderno fornecido pela Investrônica já começou. “Dentro de seis meses, esse sistema vai estar completamente operacional”, explica o diretor.

O investimento em modernização teve início com a compra de um sistema de gestão integrada para a parte de lavanderia, o Gestum, desenvolvido especialmente para o setor têxtil pela Multitherm. Boa parte deste ano foi ocupada com a implantação do software que começa a rodar em paralelo com os programas antigos até a substituição completa. “Só em automação, investimos em torno de R$ 800 mil, neste ano”, calcula Santos. Metade do valor corresponde a sistemas de automação, a outra parte à compra do robô de pintura, um dos poucos em uso no país na atividade de beneficiamento de jeans.

Outra novidade em teste é uma máquina que faz o efeito tanque em 3D (tridimensional), dando volume à peça. “Fica redondinho, porque não usa a prensa”, ressalta o diretor da Comask. O equipamento está sendo utilizado em produções-piloto para grifes atendidas pela empresa. “É uma máquina cara, de baixa produtividade, tem três na Itália, uma em Portugal e essa no Brasil”, diz o executivo.

Redução de custo


A modernização incluiu a compra de uma caldeira, que pode usar diferentes materiais de combustão, com vistas à redução de custos. Atualmente, a empresa usa gás natural na produção e pensa em trocar por lenha. O reúso de água é providência antiga. Segundo o diretor, 80% da água que abastece a produção volta a ser utilizada em processos industriais. Para isso, a empresa mantém duas redes de tubulação, uma da água que vem do poço artesiano e a outra para transporte da água reciclada.

Há cinco meses, a empresa vem repassando a parceiros os serviços básicos, mantendo a dedicação aos efeitos diferenciados. São 150 mil peças diferenciadas por mês. “É outra forma de reduzir custos”, assegura Santos, cuja carteira de clientes inclui grandes marcas, como Zoomp, Fórum, Levi’s e M.Officer.

Em abril de 2005, a Comask firmou parceria com a Presitex, empresa taiwanesa especializada em PL de jeans. A Comask usa parte da linha de produção da fábrica que a Presitex mantém na Zona Franca de Sebaco, na Nicarágua, com capacidade para 600 mil calças por mês. Em contrapartida, a companhia brasileira transfere know how em beneficiamento. “Acredito que a gente está conseguindo oferecer boas oportunidades para os nossos clientes com essa parceria”, avalia o executivo, que atende por esse sistema clientes nacionais e marcas internacionais.

Atualmente, a Comask emprega 1,2 mil funcionários, entre o complexo de Sorocaba e os 350 alocados na confecção de Três Lagoas (MS). Há cerca de um ano, o quadro mantinha 1,9 mil funcionários. A empresa mantém duas lojas em Sorocaba (uma de fábrica e outra com marca própria no shopping center da cidade) e mais uma no shopping center de Londrina (PR), que funcionam como termômetro de vendas para testar desenvolvimentos de modelagem e beneficiamentos das peças que produz. Uma quarta será aberta em Três Lagoas, avisa Santos.