Bordados têm crescimento discreto

A forte tendência de jeans decorado por enquanto não reverteu em aumento de vendas para fabricantes de máquinas, mas dá sinais de demanda para esse tipo de serviço.

Adotada por diversas marcas para as coleções de primavera/verão 2017 no mercado internacional, a tendência de imprimir bordados nas peças em denim, que deverá se estender também para o inverno, teve por enquanto impacto discreto nos negócios do setor de máquinas e oficinas de bordado, no Brasil. A maioria das empresas do setor estão em compasso de espera, avaliando que os negócios retomem com mais vigor no último trimestre do ano.

Contudo, para empresas de PL (private label), especialmente aquelas que atendem grifes, a demanda por jeans bordado tem crescido desde o início do trimestre, com a produção de coleções de verão e com perspectiva de aumentar com o desenrolar do desenvolvimento do inverno de 2017. É o caso da Comask, de Sorocaba (SP), cuja área de bordados andava ociosa no primeiro semestre, conta Fábio Américo Leme dos Santos, diretor comercial da empresa. Era usada basicamente para filigrana e jeans infantil.

O novo rumo da moda está fazendo as 12 máquinas de bordado funcionarem a pleno vapor. Embora a maioria das encomendas seja para o jeans feminino, com desenhos grandes e cheios de detalhes, também os modelos masculinos passam por esse setor por causa dos cerzidos aplicados sobre efeitos destroyer e que são feitos nas máquinas de bordado, conta Santos. Com equipamentos de 20, 16 e 12 cabeças, além de uma máquina para lantejoulas, a Comask não pretende ampliar o parque.

Proporcionalmente, o volume de peças bordados é pequeno em relação ao total produzido pela empresa, mas, o trabalho é demorado porque a tendência são bordados de grande extensão. O diretor da Comask cita como exemplo um imenso floral que tem 45 mil pontos, o que equivale a uma hora e meia de máquina para completar uma calça jeans apenas por vez. Já os cerzidos são mais rápidos de serem aplicados. Outro trabalho combina o bordado com cortes a laser para perfurar os espaços.

Ainda que a procura esteja em alta, a Comask não pretende, até o momento, aumentar turnos no setor de bordados ou comprar mais máquinas.

OFICINAS ESPECIALIZADAS
Os ateliês de bordado estão em compasso de espera. A FT Bordados e Laser, de Tietê, interior de São Paulo, registrou leve aumento dos pedidos a partir do mês de agosto e setembro deste ano. No entanto, segundo o proprietário Fábio Teles, o ano como um todo foi muito fraco. “Os pedidos de trabalhos de peças em jeans tiveram queda de 60% desde o ano passado”, ressalta. Teles aponta uma retomada tímida neste segundo semestre, com a volta do pedido de amostras pelos clientes, com expectativa de retomada antes do final do ano.

Segundo Silvio Konrad, proprietário da Konrad Bordados Computadorizados, o mercado vem caindo desde 2015. A empresa, que tem um ateliê na zona norte da capital paulista, perdeu dois clientes que encomendavam bordados de peças jeans em grandes volumes, concentrando seu trabalho em bonecos de pelúcia licenciados e mochilas. “Fazemos de tudo, inclusive vestuário, mas o mercado fraco fez com que nos especializássemos em outros segmentos”, diz Konrad.

FABRICANTES EM ALERTA
A fabricante e distribuidora Silmaq registrou aumento de 30% da demanda por máquinas para decoração de jeans, tanto bordado como cerzidos, de equipamentos de cinco a seis cabeças a partir de julho deste ano. “Em paralelo, o mercado continua em compasso de espera com muitas consultas, mas sem a reação esperada nas vendas”, afirma Edson Souza, diretor comercial da empresa. A venda de máquinas de 14 a 16 cabeças manteve o ritmo fraco do ano passado. “A queda da importação de roupas já teve reflexos na indústria de confecção, mas ainda não migrou para o mercado de máquinas”, diz Souza.

A economia desaquecida e o aumento do desemprego tiveram como consequência o incremento da venda de máquinas de bordado de pequeno porte, de uma a duas cabeças, usados pelos quiosques de costura sob demanda, de customização de camisetas, uniforme, e jeans, aponta Dagoberto Abrão, gerente de produto da Andrade Máquinas. “No início do ano a empresa vendeu equipamentos de maior porte de até 12 cabeças, mas não houve uma arrancada das vendas”, avalia.

O incentivo ao crédito para as pequenas e médias empresas por meio do cartão BNDES também faz falta ao setor. “Hoje as fábricas não estão investindo em ampliação, estão comprando só para completar o parque ou fazendo apenas reposição de peças”, destaca. No ano passado, com a alta do dólar, as empresas importaram menos vestuário da China, mas esse movimento não perdurou e as vendas caíram. Segundo o executivo, a linha doméstica continua em alta, mas no geral as vendas devem cair 16% em 2016.

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