Têxtil e vestuário estão na lanterna da onda 4.0

Junto com outros 12 setores industriais, as duas atividade ficam abaixo da média mundial particularmente em relação à produtividade, aponta relatório da CNI

Como a chamada indústria 4.0 é a onda que move as empresas para o futuro, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) elaborou um relatório para mapear as oportunidades do Brasil nessa corrida traçando o cenário de inovação e produtividade. Os resultados mostram que 14 dos 24 setores industriais analisados se encontram no estágio vermelho por apresentarem níveis de produtividade e de competitividade relativamente baixos, quando comparados à métrica mundial.

As indústrias têxtil e de vestuário estão no grupo vermelho, de risco. Sem investimentos na adoção e na integração de tecnologias digitais e em inovação, a tendência é as empresas desse estágio ficarem expostas à concorrência ainda maior das importações. Como a maior parte delas pertence a esse grupo, o desafio para o país é bem grande. Na avaliação da entidade empresarial, o emprego de tecnologias digitais pode ajudar a indústria nacional a “dar um salto de produtividade que nos permita reduzir a distância para as nações desenvolvidas”, declara Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, na apresentação do trabalho.

Para fins de análise, foi considerado como indicador da produtividade o Valor Adicionado por Empregado em cada setor industrial. O coeficiente de exportação reflete o nível de competitividade, a partir da participação das vendas externas no faturamento total do setor industrial. O estudo considerou ainda como variáveis auxiliares a taxa de inovação, que mede a proporção de empresas que desenvolveram algum tipo de inovação em produto ou processo em relação ao total de empresas de cada setor; e o coeficiente de penetração de importações, “que avalia a relação das importações do setor industrial com o que é consumido pelo país naquele setor”, explica o relatório.

Os valores acima de 1 representam aqueles setores que estão acima da média da amostra de países. Em apenas um quesito, as confecções de vestuário apresentam 0,91 em taxa de inovação em comparação com a média internacional. É a pontuação mais alta entre as duas atividades, mostra a tabela da CNI, com os resultados dos indicadores.

Quanto a tecnologias habilitadoras, o estudo Oportunidades para a Indústria 4.0: aspectos da demanda e oferta no Brasil cita Internet das Coisas, Big Data, Impressão 3D, Novos Materiais, Robótica Avançada, Inteligência Artificial, entre outras. Mas, é da integração entre elas que vem o avanço, e o país ainda carece de grandes integradores que possam ajudar as indústrias a superar o gap tecnológico. O estudo recomenda a criação de linhas de financiamento e a seleção dos principais setores industriais a serem incentivados.