Rais mostra quanto o setor encolheu

Só o varejo perdeu quase 20 mil lojas em 2018, e projeções da CNC indicam abertura de meros 200 pontos comerciais de janeiro a junho de 2019.

Usada como ferramenta para estatísticas oficiais sobre o mercado de trabalho no Brasil, a Rais serve também para analisar o universo das empresas que geram empregos. Para o setor têxtil e de vestuário, os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2018 refletem a crise econômica. Com o consumo das famílias em baixa, o varejo de roupas perdeu 19.290 lojas ao longo do ano passado. Fechou 2018 com 294.348 estabelecimentos comerciais que registravam algum vínculo empregatício.

Ao mesmo tempo, aumentou o número de funcionários no ano. A base de 677.052 de empregados ativos com carteira assinada corresponde a aumento de 15.683 vagas sobre 2017. Fecharam muitas lojas em 2018, mas foram abertas outras, provavelmente maiores, com mais postos de trabalho. Pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostra que no primeiro semestre o saldo do varejo como um todo foi positivo em número de lojas (3.238 abertas). Contudo, em moda (que inclui roupas e calçados), o cenário foi mais tímido. Foram abertas apenas 210 lojas de janeiro a junho.

O varejo de roupas encolheu em todos os estados em 2018, conforme o levantamento realizado pelo GBLjeans a partir das informações da Rais. São Paulo perdeu 4.472 lojas do segmento. Em Minas Gerais, 2.432 empresas fecharam. No Rio Grande do Sul o número de lojas fechadas é quase o mesmo, menos 2.239. São os três estados onde mais lojas fecharam no país. Juntos representam quase metade das lojas de roupas fechadas em 2018 ou que deixaram de ter empregados, ficando apenas os donos à frente dos negócios.

ATACADO TAMBÉM SOB PRESSÃO

Pressionado pelo varejo e pela indústria, o comércio atacadista de roupas teve o mesmo desempenho pouco vigoroso do varejo. Em 2018, 498 atacadistas do segmento encerraram as atividades. Ao final do ano, o país contava com 12.118 pontos de atacado de roupas. Porém, em sete estados o saldo foi melhor. Em dois, não houve alteração no número de empresas ativas. Nos outros cinco, há registro de abertura de empresas no ano passado, com destaque para o Espírito Santo, que ganhou 16 atacadistas a mais do que tinha em 2017. Rio Grande do Sul e Paraná foram os estados que mais perderam, com 84 atacadistas de roupas a menos do que cada um tinha em 2017.

Assim como no varejo, o número de funcionários aumentou no comércio atacadista. O segmento encerrou 2018 com 38.352 empregados, que correspondem a 1.512 acima dos registrados em 2017.

QUEDA DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL FAZ SUMIR EMPRESAS

Segundo a Rais, 7.799 indústrias, entre têxteis e vestuário, deixaram de operar no Brasil em 2018. O país ficou com 100.714 empresas em atividade. E ao contrário do comércio, a indústria do setor fechou postos de trabalho. Só no ano passado, cortou 32.743 vagas, ficando com 808.862 empregados. Desde 2014 até 2018, o setor de fabricantes de têxteis e de roupas vem eliminando postos. Em cinco anos, foram subtraídas 208.567 vagas, seja porque as empresas acabaram ou porque reduziram o quadro de funcionários.

DESEMPENHO EM OITO ANOS

Para se ter ideia do estrago da crise, em 2011, o mais efervescente dos últimos oito anos, haviam 131.610 indústrias de têxteis e vestuário em operação no Brasil. Empregavam, então, 1.024.960 funcionários. Nesse período, o país perdeu quase 25% das empresas industriais do setor e 20% das lojas de varejo.