Designer reutiliza rede de pesca

Nara Guichon desenvolve roupas, acessórios e objetos de decoração com sobras deixadas no mar pelos pescadores

Desde 1998, Nara Guichon desenvolve seu projeto voltado para a reciclagem e a ecologia. A designer e também tecelã aproveita pedaços de redes de pesca deixadas para trás pelos pescadores para desenvolver objetos de decoração, vestuário e acessórios femininos, como colares. Segundo a artista, são retirados do mar cerca de 800 quilogramas de rede por ano.



Depois disso, todo o material passa por um processo de limpeza. “A rede que pegamos está totalmente desgastada, devido ao sol, à chuva e à ação da água salgada. Dos 800 quilos que conseguimos retirar do mar, aproveitamos apenas 400 kg”, explica Nara. O desenvolvimento das peças é constante, sem necessidade de compor e lançar coleções.



As peças são vendidas na região de Santa Catarina, onde é produzido, para São Paulo, Itália e Inglaterra, mercado onde a artista participa de feiras e exposições. “Nosso trabalho é constante. Não paramos de produzir. Cada rede que tiramos do mar inspira uma coisa, um trabalho novo”, que trabalha com um grupo de artesãs da comunidade pesqueira de Governador Celso Ramos (SC), em projeto de geração de renda.

Além da rede retirada do mar, Nara reaproveita tecidos que grandes indústrias dispensam, por problemas de tingimento ou erros de corte, com um trabalho delicado. O projeto é idealizado e mantido por Nara, com uma equipe de cerca de 10 pessoas treinadas e monitoradas por ela mesma, para garantir que o trabalho esteja organizado e saindo conforme o planejado.



Entre as novidades, ela aponta o lançamento de uma coleção de colares que combinam pedaços das redes com fibras naturais, como lã, algodão, seda, rami e linho. Com esse trabalho, Nara contribui para amenizar um problema ambiental sério, porque as velhas redes representam um perigo para o ecossistema marítimo, ao reter materiais orgânicos em sua trama, além de levarem anos até a decomposição. Pelas mãos de Nara e sua equipe redes viram colares e também cintos, bandanas, adereços para chapéus e braceletes.

fotos: divulgação